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Ayahuasca

O que é ayahuasca?

Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, refere-se a uma bebida sacramental produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (mariri ou jagube) com as folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona ou rainha)

Seu uso expandiu-se pela América do Sul e outras partes do mundo, a partir de meados do século passado, com o crescimento de movimentos espirituais organizados, sendo os mais significativos o Santo Daime, a União do Vegetal, a Barquinha, além de dissidências destas e grupos independentes que o consagram em seus rituais em estilos variados de crenças e ensinamentos mas sempre mantendo o princípio de expansor da consciência.

É também conhecida pelos nomes: vegetal, daime, yagé, caapi, nixi, hoasca, natema, vinho da alma, abuelita, chá misterioso, entre outros. O nome mais conhecido, ayahuasca, significa “liana (cipó) dos espíritos”.

Ainda que definido comumente como chá ou decocção, a ayahuasca é um concentrado, uma redução das fervuras, resultando em um líquido marrom, de gosto forte e normalmente acidificado. Seu feitio é realizado em ritualísticas especiais e depois armazenado.

O que acontece? Quais os efeitos?

Cerca de 15 minutos após a ingestão inicia-se um processo psico-fisiológico de mudança na percepção sensorial ocasionado pelo aumento de neurotransmissores. As ondas cerebrais elevam-se, sente-se um relaxamento, os sentidos ficam mais aguçados e o processo cognitivo se amplia.

Com o uso de musicas, mensagens e orações uma espécie de sexto-sentido paranormal aflora naturalmente, como uma meditação, intensificando a lucidez mental, processos criativos, recordações, visões e experiências oníricas. Algumas reações fisiológicas de desconforto podem ocorrer de forma natural e são desejáveis. São chamadas de “purga” ou “pêia”.

É um processo natural de limpeza e reequilíbrio e não deve ser temido ou evitado. Deixe fluir naturalmente e se necessário contribua com tranquilidade para que seu corpo expulse as energias ruins através da limpeza intestinal, do vômito ou do choro. A natureza é sábia – não resista.

Normalmente os efeitos mais intensos são experimentados até o máximo de 2 ou 3 horas, permanecendo apenas um estado natural de relaxamento e plenitude que pode manter-se até por alguns dias.

Ayahuasca não é droga?

Se considerarmos o açúcar, café, guaraná, chimarrão, entre outros, como substâncias que alteram o metabolismo, a terminologia está correta. No entanto, em seu sentido social ou bioquímico, normalmente associamos a palavra “droga” como substância destruidora ou desestruturadora e que causa dependência física ou psíquica. Neste sentido ayahuasca NÃO É DROGA!.

Seu uso definitivamente não causa nenhum tipo de dependência e ao longo dos anos, por experiência testemunhal e também através de pesquisas comprovou-se que não há nenhum efeito prejudicial ao organismo, pelo contrário, seu uso medicinal ou terapêutico é cada vez mais investigado.

Os que classificam a ayahuasca como “alucinógeno” também cometem impropriedade conceitual, segundo o antropólogo norte-americano Gordon Wasson, que distingue “estados alterados de consciência” ou “alucinações” de “estados ampliados de consciência”.

Para alguns pesquisadores, a classificação da ayahuasca como “alucinógeno” é uma imprecisão, pois a mesma não causa perda do contato com a realidade – como pressupõe o termo – mas sim um grau ampliado de percepção que permite a compreensão daquela realidade com maior clareza ou transcendência.

Pesquisadores da área de etnobotânica têm proposto a classificação da ayahuasca como “enteógeno“, ou seja, substância que “gera uma experiência de contato com o divino”, causando uma sensação generalizada de aproximação com o sagrado, facilitando o autoconhecimento e o aprimoramento do ser humano, com inúmeros casos registrados de reestruturação familiar, profissional, social, moral, ético, intelectual e espiritual.

Seu uso é permitido legalmente?

Sim! – O uso ritualístico da ayahuasca é garantido pelo justiça brasileira através da Resolução Nº1 do CONAD, publicado no Diário Oficial em 25 de Janeiro de 2010.

Esta resolução é o resultado das deliberações do Grupo Multidisciplinar de Trabalho para os estudos da Ayahuasca (GMT/CONAD), que produziram o documento de deontologia e atual regulamentação para uso restrito à grupos religiosos legalmente constituídos.

Este reconhecimento de legalidade não é novo, é apenas uma complementação mais abrangente de outros processos de investigação já ocorridos nos anos de 1986 e 1992, pelo antigo CONFEN, e que já havia deliberado por unanimidade permitir seu uso ritualístico.

O relator do processo de investigação, Domingos Carneiro de Sá, explicou que o fato fundamental para a liberação da bebida foi o comportamento dos usuários e a seriedade dos centros que utilizam o chá em seus rituais:

“Não foram observadas atitudes anti-sociais dos participantes dos cultos, ao contrário, constataram os efeitos integrados e reestruturantes com indivíduos que antes de participarem dos rituais apresentavam desajustes sociais ou psicológicos. Padrões morais e éticos de comportamento em tudo semelhantes aos existentes e recomendados em nossa sociedade, por vezes até de um modo bastante rígido, são observados nas diversas seitas. Obediência à lei pareceu sempre ser ressaltada. Os seguidores das seitas parecem ser pessoas tranqüilas e felizes. Muitas atribuem reorganizações familiares, retorno de interesse no trabalho, encontro consigo próprio e com Deus, etc., através da religião e do chá. O uso ritual do chá parece não atrapalhar e não ter conseqüências adversas na vida social dos seguidores das diversas seitas. Pelo contrário, parece orienta-los no sentido da procura da felicidade social, dentro de um contexto ordeiro e trabalhador.”

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